Post: Ayahuasca e a Linha do Tempo

Ayahuasca e a Linha do Tempo

Por Maria Juremeira 🌿🐍

A Ayahuasca nos mostra a linha do tempo — que pode ser antes, agora ou depois.
Sempre que tivermos visões e entendimentos com a medicina, é importante avaliar:
isso é para agora? Para depois? Ou é apenas uma recordação ?

No trabalho com os animais de poder, no ano passado, tive um ensinamento da floresta.
Ela me mostrou como cada animal sobrevive, o que cada um faz para se alimentar.
Foi forte e real.

Mas eu sabia: a natureza queria que eu prestasse atenção.
Mesmo sem entender tudo na hora, em algum momento eu ia lembrar daquela cena.
Então, vou contar o que vi:

 

Vi uma pantera indo atrás da sua caça.
Vi a águia pescando o seu peixe.
Vi a serpente com sua presa.
E vi um urubu parado, apenas olhando.

A medicina me disse:
“Esse é o único que não caça, porque se alimenta de carniça.
Se algum animal morre, ele tem o que comer.”

Na hora, me perguntei:
Se somos parte da natureza, será que nos comportamos igual?

Infelizmente, sim.
O ser humano, muitas vezes, espera um momento ruim do outro para poder se levantar.
Isso é triste.

Afinal, estamos falando de expansão da consciência, autoconhecimento…
Mas será que estamos nos perdendo de nós mesmos, quando deveríamos nos reconectar?

A natureza acolhe todos — mesmo sem saber quem vai sobreviver,
mesmo sabendo que existem seres que estão ali apenas para sugar a vida alheia.
E ali fica uma reflexão: sobre o acolhimento.
Sobre as portas da nossa vida que a gente abre e abraça,
sem perguntar nada, simplesmente acolhe.

A Terra e a Água são duas forças poderosas — e são femininas.
É importante pensar nisso e refletir.

Ah… e o mais importante:
O que a medicina me mostrou não era sobre os animais.
Demorou pouco para eu perceber.

Afinal, o tempo não é linear, é um emaranhado de possibilidades de vidas. E no aqui agora, seguimos o fluxo em conexão com o que já fomos, o que somos e o que seremos.

E com a sutileza da medicina, senti de compartilhar essas palavras.

Com amor,
Maria Juremeira
Lua crescente

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Maria Juremeira

Dirigente do Centro Ayahuasqueiro Jibóia Sagrada

Sobre a Autora

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Maria Juremeira

Nasci no sertão do Ceará, onde o chão é quente e o coração é forte.
Aprendi a ler com os olhos da alma, sem escola, e com destino.
E desde então venho escrevendo minha história com fé, lágrimas e coragem.

Sou mulher de raiz, de reza, de floresta.
Sou filha da Jurema, da Jiboia Sagrada, do mistério que sussurra nos ventos.
Sou tantas que me tornei uma só: inteira.

Sou feita de silêncio e tempestade, de cura e cicatriz.
E se cheguei até aqui, é porque o céu ainda tem planos pra mim.

Agradeço às minhas filhas, que são continuação do meu amor na Terra.
E honro profundamente meus ancestrais
Meus avós e bisavós cujos nomes ecoam nos ventos da memória.
Minha mãe, mulher forte que me deu a vida.
Meu pai, que plantou em mim a coragem.
Sem eles eu não estaria aqui.
Carrego no sangue suas histórias, suas lutas, suas bênçãos.

Agradeço também a cada ser que caminha comigo visível ou invisível
A cada alma que já me amou, me feriu e me ensinou
Agradeço ao espírito que me chamou três vezes
porque eu ouvi, e sigo ouvindo.

Quem me conhece, sabe
Eu vou viver até os 100 e vou curar até o fim.